Me deixa muito descrente que num momento tão inovador nas formas de comunicação o debate ideológico se alija cada vez das preocupações cotidianas. Estamos voltando a letargia sociológica pré-anos 60. Não existem sonhos, desejos, somente a vontade – quase animal – de vencer, através de um emprego que pague bem, de uma família com a mulher ou homem mais bonito e de uma casa o mais luxuosa possível. A morte dos sonhos é a morte do homem. E estamos caminhando firmes para essa destruição.
Não existe na arte, tão propagada pela internet, nenhum nome que faça a arte com um background sociológico. Nos 60, a crítica a guerra do Vietnã trouxe uma geração que queria paz e amor, nos 70 os punks não viam futuro e criticavam a alienação da sociedade. Hoje, a música serve ao elixir do fim-de-semana. Sem conteúdo, ela grita os embalos de um sábado a noite e morre depois. Por isso amigos, estou descrente. Estamos perdidos, sem rumo. Sem porquês, o nosso amanhã é ditado ao ritmo de uma mídia de massa que, mesmo com a possibilidade de revolução da internet, continua controlando tudo.