quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As novas embaixadas do Brasil

Nesta terça-feira, foi publicado decreto criando quatro novas embaixadas do Brasil no exterior, sendo duas na Europa, Albânia e Chipre, uma na África, em Serra Leoa, e uma na Ásia, em Miamar. Dos quatro, a Albânia é o único país com um intercâmbio comercial mais intenso com o país. Em 2009, exportamos $ 152 bi e importamos $127 bi. Serra Leoa, Chipre e Miamar têm uma balança comercial quase insignificante.

Pelo índice de democracia, criando pela revista inglesa The Economist, Miamar é o quinto país mais fechado do mundo com nota, de zero a dez, 1,77 No mesmo critério, Albânia (5,91) e Serra Leoa (4,11) são regimes híbridos que ainda não consolidaram a democracia. O Chipre (7,70) está no mesmo patamar que o Brasil (7,38) uma democracia defeituosa.

Mais populoso dos quatros países com 50 milhões de habitantes, Miamar vive um rigoroso regime militar desde o golpe que derrubou o governo civil em 1962. Pouca informação pode sair do país onde o Brasil instalará sua representação na cidade de Yangon, que tem 5,5 milhões de habitantes.

Serra Leoa, com 6 milhões de habitantes, é um dos países mais pobres da pobre África. Eternamente envolvida em conflitos pelo controle de suas jazidas de diamantes, ele tem o terceiro pior IDH do planeta e uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo. O Brasil sediará a embaixada na capital Freetown que tem aproximadamente 1,1 milhão de pessoas.

A Albânia, que luta para sair da herança maldita do comunismo, sonha um dia ingressar para a União Européia. O pequeno pais de 4 milhões de habitantes receberá o Brasil na capital Tirana. O Chipre, capital Nicósia, tem 800 mil habitantes, uma cidade de médio porte no Brasil, e vê seu pequeno território, uma ilha, disputado por Grécia e Turquia.

Lula não morra agora

Ao acordar deparo com a mega tarja laranja na televisão: Lula é liberado de hospital. Imediatamente processo que não poderia ser nada grave visto que até a noite anterior não tinha notícias de alguma piora na saúde do presidente. Mais uma quase notícia para a imprensa noticiar: Lula tem pressão alta. É inclusive uma excelente propaganda com o noticiário relacionando o caso ao excesso de trabalho do mandatário. Agora: pior seria se fosse algo grave. Nada poderia ser pior que o Lula morrer a essa altura do campeonato. Reviveríamos um Getúlio fase 2. O cortejo do corpo por todas as capitais do país, pelo sertão, pelos Pampas, pela Caatinga, pelo Pantanal. E o que é pior a eleição de Dona Dilma na esteira do líder nacional morto. Pelo país, o melhor que Lula pode fazer é continuar vivo até Outubro.

Enxergando demais: os EUA e o Haiti

Os Estados Unidos enviaram cerca de 20 mil homens para auxiliar na (re)construção do Haiti. Nenhum país ou organização internacional realizou esforço similar seja em número de pessoal seja em maquinaria. E para provar que implicância pouca é bobagem, alguns acusam os país, além de militarizar a situação, de querer tomar posse do Haiti. Concordaria em gênero, número e grau houvesse algo de interessante no local. Já me repetindo, o Haiti é metade de uma Ilha com meia dúzia de belas praias ao Norte. Além disso, é só pobreza, miséria, analfabetismo e mais miséria e pobreza. Parece inquestionável a necessidade de haver sim força policial extra nas ruas. O que parece questionável é a idéia de militares brasileiros, querendo ensinar os costumes locais aos americanos, de fazer a distribuição de mantimentos com mulheres, porque a figura feminina tem muito respeito junto à população que a relaciona a figura materna. Isso realmente parece fantasioso num momento em que se ouve uma explosão de casos de estupro pela destruída capital Porto Príncipe. Melhor deixar aos americanos, cada um, fazendo o seu trabalho.

Os lobos e os lobos dos fundo de pensão

Foi lançada, nesta semana, pelo governo federal, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). O objetivo é fiscalizar o setor que movimenta 506 bilhões de reais por ano, cerca de 20% do PIB. O controle da nova agência ficará a cargo do PT e do PMDB. É como dar aos lobos o controle sobre os lobos que já controlam os ovos das galinhas.

Em qualquer parte do mundo quem controla os fundos de previdência praticamente contrala a economia. No Brasil, com uma arrecadação compulsória junto a aproximadamente 7 milhões de trabalhadores, os fundos são verdadeiros monstros com poder levantar e afundas empresas no mercado de ações.

O maior fundo do país é o Previ, junto aos funcionários do Banco do Brasil, com investimentos de 135 bilhões de reais. Seguido pelo Petros, majoritariamente da Petrobrás, com 44 bilhões e o Funcef, da Caixa, com 36 bilhões.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Brasileiro prefere apostar na loteria que alfabetizar o país

Quem conhece a política por trás do PAPO DE POLÍTICA sabe que não somos muito simpáticos a idéia de ONGs tomarem o papel que, a princípio, seria do governo. É muito estranho uma ONG receber dinheiro estatal para desempenhar uma função governamental. Ainda assim, a título de curiosidade o brasileiro em 2009 preferiu apostar na loteria que alfabetizar todos os cidadãos. Segundo a Caixa Econômica Federal, ano passado, foram apostado nas loterias R$7,3 bilhões, uma média de R$36,5 por brasileiro. A ONG Alfabetização Solidária pede 21 reais durante 8 meses para dar educação a uma pessoa, o que daria 14 reais por mês ao ano. Felizmente, a maior parte do Brasil já está alfabetizada, ou seja, com um leve recurso das loterias, cedido a uma ONG, não teríamos analfabetismo no país.

Transatlânticos continuam atracando no Haiti

Interessante notícia que a rotina de transatlânticos na costa norte do Haiti permanece inalterada. Navios como o Independence of the Seas e o Navigator of the Sea continuam despejando milhares de turistas no litoral do país. Labadee é o paraíso que procuram. O que não é, ao menos, ruim: o Haiti recebe 6 dólares por turista desembarcado.

Isto me recorda uma fala do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, que foi o primeiro comandante da missão das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) entre junho de 2004 e setembro de 2005. Ele comentava, horrorizado, a miséria do país, o abandono, o lixo nas ruas, a violência. E, citou os turistas que chegam ao país nos transatlânticos. Para ele, muitos nem sabiam que estavam no Haiti. Eles só sabiam que estavam na Ilha Hispanhola, que forma o Haiti e a República Dominicana. O general citou, intrigado, o disparate entre a completa miséria que tomava o país e o cenário paradisíaco, onde nada faltava, donde atracavam os navios. Cenário, alias, perfeito para uma ressurreição popular.

Só para não deixar em branco: Lula e a UNE

Hoje, às 17h00, o presidente Luís Inácio Lula da Silva se encontra com o presidente da UNE, o eterno estudante, Augusto Chagas. Um daqueles personagens que se recusam a concluir a faculdade para não abandonar a boa vida da mamata no movimento estudantil.

Acho que só eu ainda me importo com a inoperância da UNE. Há tempos nem falar besteira – como nos tempos do comunismo – ela se pronuncia mais. Agora o silêncio domina a entidade enquanto milhões do governo entram em seus cofres. Nesse ínterim, escândalos de corrupção rompem o país, independente da legenda partidária, e a UNE faz que não é com ela. Controlada há 20 anos pelo PCdoB, a União dos Estudantes é símbolo do engessamento de parte da sociedade civil. Milhões para dentro, silêncio para fora.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O dinheiro da ajuda internacional no Haiti

Segundo estimativa da Cruz Vermelha, a onda de terremotos no Haiti, que sacudiu a região da capital Porto Príncipe, atingiu três milhões de pessoas, um terço da população do país. Com o número de mortos sendo calculados entre 100 e 200 mil, isso representa que 1 em cada 30 pessoas na área mais atingida pela catástrofe morreram.

Muitas organizações internacionais, países, ONGs e celebridades se comprometeram em doar recursos para a reconstrução do Haiti. Ainda que seja complicada estipular exatamente quanto chegará ao bolso haitiano, a soma começa a ganhar vulto. Algo em torno de $1 bilhão. O que em qualquer país do mundo chama atenção para desvios e corrupção.

Em última instância, no caso da inoperância do já criticado governo de René Préval, pega-se o dinheiro e divide-se entre a população. Eles farão melhor uso.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que restou do Haiti

Num lugar onde falta tudo, o terremoto no Haiti destruiu o que restava. Derrubou torres de telefonia, destruiu postos de atendimento, bloqueou ruas, e não deixa hospitais operáveis. Faltam água, comida, remédio, pessoal e equipamentos. 11 militares do Brasil morreram. A 12º vítima, a única civil, Zilda Arns é a mãe da Pastoral da Criança.

Em 2006, ela foi considerada para receber o prêmio Nobel da Paz. Ela e a Pastoral são constantemente lembrados e laureados mundialmente pelo trabalho em prol da assistência à criança.

O Haiti tem 80% da população vivendo com menos de 2 reais por dia, e mais de 50% da população analfabeta. Tem uma área similar a do estado de Alagoas, 27 mil km2, e 9 milhões de habitantes, pouco menos que o Paraná.

A missão de paz da ONU no Haiti, MINUSTAH, em atividade desde junho de 2004, tem na liderança cedida ao Brasil uma vedete da política externa do atual governo. Ao ponto de levarmos a seleção brasileira para um amistoso contra a seleção local. À época, o primeiro-ministro haitiano ofereceu mil dólares para quem marcasse um gol na partida perdida por 6x0.

Em dezembro de 2009, a MINUSTAH contava com um efetivo de 9.057 pessoas entre policiais e tropas de 47 países. O Brasil lidera com 1.273 homens e 7 mulheres. Logo seguido pelo pequeno Nepal com 1.236 pessoas, o Uruguai com 1.136 e a Jordânia com 1.062.

Os olhos do mundo, aparentemente, se voltam, momentaneamente, para o Haiti, enquanto o país é mais uma vez devastado por mais uma tragédia natural. Enquanto se fala em 100 mil mortos, 1% da população, quase 2 milhões de pessoas se fosse no Brasil, não se encontra palavras para descrever a barbárie que tomou o país.

16 anos depois, o bom futuro da democracia brasileira

Há três dias, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, regresso das férias, deu início ao seu último ano de governo. Chega ao fim, o mandato de chefe supremo do Executivo brasileiro, o nome que, sempre cercado de polêmicas, foi um dos homens mais importante da política nacional dos últimos trinta anos.

Não escapará, no apagar das luzes, a pergunta que muitos brasileiros já se fazem desde o primeiro embate entre os dois em 1994: quem terá sido o melhor Lula ou FHC? Acalantados debates são e serão travados em praça pública. A melhor resposta possivelmente virá daquele que verá empossado em 2011 o presidente de sua legenda: Dilma ou Serra? É pouco provável que o público escolha uma terceira via.

Mas começa a soar plausível aos ouvidos de muitos que – numa política infelizmente baseada na escolha do “menos pior” – pareça crescer a noção de que independente do vencedor, e apesar de sua já inequívoca incompetência administrativa, o Brasil prossiga maduro com uma sólida economia e uma estabelecida democracia que conseguiu atravessar as dois períodos de duas legendas partidárias com admirável equilíbrio no cenário interno e externo. Para muitos, isso só foi possível porque uma legenda veio antes da outra, e não vice-versa. Pode até ser verdade, mas agora o Brasil soará mais ou menos como um só na mão de ambos. O que, apesar de tudo, é bom.