quarta-feira, 2 de julho de 2008

“Le Fin de Terres”, da cia. Philippe Genty, é um colírio aos olhos

Peça da 6º FIL é uma das inúmeras atrações voltadas ao público infantil.

Dar uma chance à revitalização do centro da cidade pode ser o início de um excelente programa. Dentro da programação do 6º Festival Intercâmbio de Linguagens, voltado ao público infantil, vários teatros da região central do Rio de Janeiro foram escalados para a encenação das peças. O Centro Cultural Banco do Brasil, o Caixa Cultural e o João Caetano. No fim-de-semana de estréia, o grande destaque foi a montagem de “Le Fin de Terres”, pela companhia francesa Philippe Genty, no centenário palco da Praça Tiradentes. Mais do que destaque da estréia, a peça tem tudo para ser a grande atração do festival.

Ainda antes do início, na rua, centenas das pessoas que aguardavam para entrar no teatro acompanhavam o ensaio de uma companhia de dança num casarão perto. Ao lado do João Caetano, de frente para o Real Gabinete Português de Literatura, no Centro Cultural Carioca, a companhia ensaiava um samba. A princípio, o espetáculo “Bota a Baixo”, tem estréia prevista para nove de agosto. Passados meia-hora, o povo toma rumo ao evento principal da noite.

Sem o recurso do diálogo, através da exploração de um universo de cores, luzes, bonecos e mágica, o espetáculo é rico, dinâmico e inteligente. Apesar de voltado a crianças, não haverá adultos que resistiram aos encantos da encenação. Desde 1968, quando criou a companhia, Philippe Genty vem aprimorando a técnica da trupe no exercício da imaginação infantil. O veterano ator traz ao palco mais seis camaradas, além de três técnicos responsáveis pelas complexas transições no espetáculo. Desde o primeiro minuto, o público é convidado a uma série de trocas entre personagens e atores, e de bonecos e atores. De modo que não se sabe onde um saiu para a entrada do outro. A magia é tão intensa que por vezes se esquece que se está num teatro. Mais do que os efeitos do cinema, a peça leva o espectador a uma outra dimensão sensorial. “Le Fin de Terres” é dessas apresentações que elevam o teatro a um outro patamar.

A luz intelectual provedora da peça se deve ao próprio Philippe Genty e a Emmanuel Laborde. Ambos mostram uma sintonia única na concepção visual do belíssimo espetáculo. Um contraste de luzes com objetos e atores fascinantes. Não menos especial é a música criada por Serge Houppin e Henry Torgue. Se não há falas durante a encenação, a lógica se constrói muito graças à genialidade musical. Que cai como uma luva às esquetes do roteiro. A sintonia tanto das luzes quanto da música com o desenrolar no palco faz a diferença para construção desse grande espetáculo.
A peça que esse ano se apresentou na Áustria e na Itália, no Brasil visita, além do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Londrina e Florianópolis. E deve passar pela Austrália no fim do ano. Pela 6º FIL, são esperadas outras atrações internacionais. Além de Philippe Genty, estão programadas companhias da Alemanha, Israel, Bélgica, e outra francesa. Alguns espetáculos serão casados com grupos teatrais brasileiros, e serão apresentados como “Work In Progress”(ainda em desenvolvimento). Bom divertimento

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