Tal como Einstein, peça mostra que o humor também é relativo, depende do público.
Fazer humor, ao contrário do que alguns possam imaginar, não é fácil. É bem difícil, aliás. Isto porque, não existe uma lei que determine o que é engraçado e o que não é. Tudo depende de quem vê, lê ou ouve. Se for um programa de tv, quem não gosta muda o canal. Se for um livro, não lê. E se for uma peça de teatro? Não ri. Pronto, acabou a diversão para todo mundo. O riso é contagiante. Não são, sem razão, as risadas enlatadas em seriados. Aquilo acaba funcionando. Inconsciente, nós acabamos aceitando que a piada é engraçada. E, voltando ao teatro, se a pessoa não ri, por analogia, nós aceitamos que a piada não é engraçada. Mesmo que pensemos o contrário. “Comédia em pé” agora em cartaz, também, no Teatro Miguel Fallabela, no Norte Shopping, testa seu humor a cada apresentação. E, às vezes, pode ser que acabe perdendo.
A proposta do Comédia é bem simples. Falar sobre o cotidiano de forma engraçada. Só que ao contrário de uma peça de humor, ela é uma apresentação de piadas. Pelo menos a forma mais próxima de definir o espetáculo é como um conto de piadas. E se as pessoas não riem, a animação cai. Porque não tem uma encenação para continuar seu enredo, independente de tudo e todos que estão assistindo. O que tem é um cara que dialoga com o público e se este público não responde, não tem conversa. Acaba o assunto. E, em casa nova, com menos de 20% da lotação, o Comédia caiu. Não que não fosse engraçado. Mas ouvindo o eco das poucas pessoas, o vazio se fazia mais presente. O que é engraçado fica meia-boca. O que não é muito divertido fica sem graça. A peça pede público, ela necessita disso. Pode ser que num futuro, não tão distante, quando não estiver muito cheio, eles coloquem umas risadas prontas no fundo.
No palco, Cláudio Torres Gonzaga faz o papel do mediador do encontro. Talvez por ser o mais engraçado de todos. O que menos precise de recursos corpóreos e piadas de anatomia para arrancar algumas risadas. Fábio Porchat é bem histriônico, mas faz o seu papel. Fernando Caruso é econômico, mas bom. E Paulo Carvalho é o amigo dos três. Sabe o amigo. Então é o amigo. O quarteto sempre recebe um convidado. Quanto ao convidado, isso depende da noite que você for. Mas por via das dúvidas é melhor conferir no site da trupe para saber sobre quem vai. Aproveite a internet e imprima o panfleto que faz a peça custar mais barato que meia-entrada ($18). Se preferir, ir na quinta ou sexta-feira no Norte Shopping, neste caso a meia é mais econômica ($15).
A comédia em pé, o stand-up comedy, tem tudo para pegar no Brasil. É um formato simples de se construir, barato, que depende apenas do talento individual do apresentador. E contar piada é um dom que muito brasileiro tem. Não gosto muito dessas máximas alemão é assim, argentino é assado. Mas, há de se convir que brasileiro sabe rir da própia cara. Da própia miséria, da própia besteira. E o interessante da comédia em pé, como eles mesmos assumem no início, é quem não tem nada disso. Não acrescenta nada é puro besteirol. Talvez por isso seja tão engraçado. E de tão certo. Desde de que com o público adequado.
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