sábado, 25 de agosto de 2012

Angu do Gomes


Em tempos idos, onde a variedade às mesas cariocas não rendia a fartura de artigos gastronômicos aos periódicos, comer fora era uma atividade simples. Nascido nas barraquinhas de rua, e assim popularizado, o Angu do Gomes virou lenda da baixa gastronomia. Aos ouvidos atuais, a história se perde entre os altos e baixos do aventureiro, que hoje se hospeda num pequeno e simpático restaurante na zona portuária, a coqueluche da prefeitura para o Rio 2016. Assim como todo o entorno, a praça, na rua sacadura cabral, onde fica o restaurante está em obras.

Sem conhecer, pensei que qualquer cidadão que sentasse naquelas mesas iria para comer angu. Ledo engado. Dos que vi, o meu era o único prato. De antemão fui com o pedido na ponta da língua, o Angu de carne de soja com ricota (Vegetariano) – R$11,00. Ao meu redor, uma horda de funcionários em horário de almoço pedia pratos mais sofisticados, alguns regados com cervejas mais elaboradas.

E assim veio numa travessa rasa sob o prato de alumínio o meu pedido. Ao primeiro olhar, para quem nunca comeu angu, era um mingau com ares de escondidinho, visto o recheio ao fundo. A temperatura da comida era refletida pela fumaça que saia do recipiente. Não gosto de nada muito quente: chocolate, café, chá e afins. Fui um balde de água fria. Não houve tempero que justificasse uma fama além da do pioneirismo na venda. Tradição que leva o local anualmente a participar do festival Comida de Buteco.

O Angu do Gomes é parte da história da informal cultura do Rio de Janeiro. O fato de o meu ser o único Angu à mesa, é reflexo que hoje o lugar é guardião desta história, mas é acima de tudo apenas um restaurante com comidas diversas, em que o Angu é trunfo de uma história, que como toda história, é parte do passado.

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