07.10.2010: Três horas à fala do ditador: Morte a Ceausescu
Ao lado de Carlos na mostra não-competitiva de Cannes 2010, à A Autobiografia de Nicolae Ceausescu, do diretor Andrei Ujica, estranhamente não faltam comentários elogiosos. São 180 minutos em preto e branco, mesclando cenas mudas e de som entediante. No meio do mar fílmico, falas do ditador romeno, sem linha condutora, apenas ordenada cronologicamente.
A idéia é mostrar, por meios de imagens oficiais, um perfil do culto a personalidade do líder comunista, condenado a morte no julgamento da revolução que o derrubou em 1989. Na falta de cores do vídeo evidencia-se o atraso tecnológico socialista no tanger da década de 90.
Ceausescu tinha um exótico modo de acenar ao público. Ora com a mão direita, o tradicional tchau, com a palma da mão balançando entre a direita e esquerda. Ora com a mão esquerda, um cumprimento próprio, a palma da mão aberta oscilando para baixo e para cima. Essa mania se confirma em várias ocasiões ao longo dos anos.
O documentário exibe as gigantescas manifestações orquestradas pelo Partido Comunista por todo o mundo sob a égide da União Soviética. É fácil imaginar um ditador ludibriando-se com uma multidão por dia o idolatrando.
Ujica nasceu em Timisoara, berço da revolução de 89. A autobiografia vem claro que somente Ceausescu tem a palavra no filme. Uma voz para o consenso, camarada. Assim como numa fala na qual o líder critica os poetas por fazerem poemas de amor, e não sociais e revolucionários.
O QUE: Documentário “A Autobiografia de Nicolae Ceausescu”
QUANDO: 14h15-17h15
ONDE: Centro Cultural Justiça Federal
QUANTO: R$4 (meia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário