quinta-feira, 26 de junho de 2008

“Lar...”, em cartaz, no Centro Cultural Laura Alvim, deixa a desejar.

Quarta à noite. Teatro em Ipanema. Preço convidativo. Nem sempre um bom programa.

A idéia era simples. Fugir do primeiro jogo da final da Taça Libertadores de 2008 entre LDU, do Equador, e Fluminense. Era preciso estar fora da realidade do mundo no horário do jogo. Era preciso uma peça de teatro que fosse tarde. E, que não fosse cara, afinal dinheiro não nasce em árvore, e semana que vem, tem o segundo jogo, ou seja, mais despesas. O denominador comum dessa equação indicou um vencedor, a peça “Lar...”, em cartaz, no Centro Cultural Laura Alvim, em Ipanema. Custava dez reais (meia), e começava às 21h. Ainda que acabasse pouco depois do início do jogo, até se rodar pela cidade e chegar em casa, a partida já teria se encerrado.

Partindo-se do total desconhecimento, qualquer coisa é coisa. A peça é de humor, ponto. E, um dos seus autores é o Fernando Caruso, que é um cara engraçado, escreve bons textos, outro ponto. De resto, breu. Foram quase uma hora de teatro, mais o atraso para o início. Foi bom para não ver o jogo. Sobre a peça. Então, sobre a peça. São três atos, escritos por três autores, em momentos diferentes. Um escreveu o primeiro (César Amorim), então coube ao segundo (Renata Mizrahi) dar a continuação, e, ao último (Fernando Caruso), o encerramento, já tendo os outros atos sidos escritos. Vinícius Arneiro, indicado ao prêmio Shell de direção, em 2007, por outra peça, e Diego Molina dividem a condução do espetáculo. O interessante da encenação é que, antes de cada ato, é exibido um vídeo de cada autor explicando a sua parte. Ponto positivo para a sinergia entre as atrizes no palco. Apesar da disparidade do talento de Tatjana Vereza, com suas colegas de palco, Tatyanne Lauria e Talita Werneck, as três tem uma ótima química juntas. Ainda assim, falta qualidade para salvar a peça do seu fraco texto. A um espetáculo que se propõe expor uma vida numa loja de acessórios para casa, com patrocínio de lojas do ramo, é inadmissível o cenário capenga, com objetos feios e sem graça adornando o palco.

Talvez o que mais tenha me incomodado, ou agradado, foi o extremo entusiasmo de várias pessoas na platéia. Muitos amigos das atrizes. Risos em seriados de televisão são interessantes, são estimulantes ao sorriso. Isto porque, o seriado, mesmo que mínima, tem graça. “Lar...” não, é fraco. Injustiça minha, (quase) ri em umas três falas. Ainda assim, sempre tendo ver as coisas pelo lado positivo. Como a boa atuação de Tatjana Vereza, e de Diego Becker (que entra em diversas passagens com diferentes personagens). Além de cenas no texto de Fernando Caruso, principalmente no começo do terceiro ato, quando ele ainda tinha paciência para escrever. Parece que depois, Caruso ficou irritado com o trabalho, e deu a solução mais fácil aos personagens. (spoiler) Num ato ríspido, ele leva as atrizes a cometerem suicídio. Diante tal fim, quase fiz o mesmo. Por dez reais, fico pensando se teria sido mais fácil assistir ao jogo. O pior foi não ter conseguido ver a exposição do XIX Salão Carioca de Humor, também no Laura Alvim. Quando cheguei não percebi a entrada para a mostra. E, quando sai, a sala já estava fechada. Pela economia dessa quarta, na próxima semana, no segundo jogo da final da Taça Libertadores, guardo a certeza (e o dinheiro) de / para um bom programa.

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